editorial

O título da Revista surgiu de uma expressão muito conhecida no Nordeste brasileiro. A palavra “Cruviana”, no dicionário, quer dizer “frio intenso”. Não se trata de um frio comum, mas de uma sensação de frio que chega de madrugada, provocando calafrios como se fossem provocados por uma ação mística e metafísica.

De acordo com o dicionário Aurélio Buarque de Holanda, o termo "cruviana" é uma variação de "corrupiana" ou "corrubiana" e consiste na queda de uma neblina frígida que, no verão ou no inverno, vem acompanhada do vento que sopra do sudoeste.

No Norte, Cruviana é a Deusa do vento, a mulher do alvorecer. Chega em tornado, acordam os trabalhadores das fazendas e os envia fora para o trabalho.

Sobre o assunto, Guy Furtado de Andrade diz em seu blog: citando José Vieira, em Vida e Aventura de Pedro Malasarte, "a cruviana não se vê, se sente". Tarde da noite, pela segunda cantada dos galos, ela vai chegando e quem dorme da banda de fora das casas começa a ter aquele friozinho. No nosso Ceará, o termo cruviana também foi conhecido, mas pronunciado com uma corruptela "curviana". Em Quixeramobim, nós pronunciávamos como de costume, ou seja, cruviana. Veja mais: www.guyfandrade.com/noitedecruviana.html

A ideia do nome surgiu, inicialmente, do conto “Tramontana”, do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez, no livro “12 contos peregrinos”. Tramontana, segundo o dicionário, é “o vento do norte; a estrela polar”. No sentido figurado: o rumo do norte. Perder a tramontana é perder o rumo, desorientar-se; e, figuradamente, ficar sem autodomínio, exceder-se em violência, não saber o que faz nem o que diz.


O sentido místico presente no termo é como uma metáfora para aquilo que se materializa a partir do processo de criação, de escrita. Como uma mensagem do subconsciente que mantém viva a linha tênue entre o real e o imaginário.